sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Os incêndios...


Os incêndios...
Lamentar, porquê?
De pouco vale.
Não vejo, nem creio que verei, infelizmente, tomada de medidas para prevenir a situação.
Não basta culpar presumíveis pirómanos. Isso é pouco. Nada.
...É URGENTE, com toda a força que a palavra encerra, proteger e controlar todo o parque florestal. A solução não passa só pela limpeza das matas mas, e sobretudo, pela substituição imediata das espécies que povoam determinadas encostas. Tarefa morosa que se nos impõe. Enquanto houver pinhal e eucaliptal, misturados com outros arbustos e mato que cresce de forma desregrada, haverá repertir-se-ão as dores e lamentos presentes. Pior, a falta de iniciativas no sentido de contornar este flagelo social, compromete o futuro da ilha. É preciso reflorestar, mas com espécies menos propícias a incêndios, aproximando a floresta da que existira na altura da descoberta da ilha. Só assim é que, um dia, evitaremos esta "palhaçada". Uso esta palavra porque considero que estamos TODOS absortos e impávidos, a lamentar o sucedido, mas sem iniciativas concretas e eficientes para apagar de vez os incêndios na ilha cujo nome Madeira é a prova da floresta que noutros tempos existira. Os pinheiros e eucaliptos surgiram depois, são espécies invasoras. Os bombeiros, e todos os que acodem a estas desgraças arriscam perigosamente as suas vidas. É tempo de dizer BASTA. É necessário o discernimento social e político que mobilize e promova outra atitude em relação às nossas florestas. O tampão VERDE ficou Preto. Voltará a "esverdear", e tornará a enegrecer. É por isso que digo "palhaçada", porque enquanto não se INVESTIR a sério na floresta, assistiremos, enquanto aqui andarmos, a cenas que se repetem ciclicamente.
Não chega ficar à espera que os políticos tenham as iniciativas,embora a
decisão dependa deles. Contudo, é de todos a responsabilidade e a
obrigação de manifestar a vontade em proteger as nossas florestas.
O deserto está é mesmo ali ao lado. Por este andar, as próximas gerações de madeirenses enfrentarão uma extensão do mesmo. Seremos vistos como os "camelos" que permitirão esse desfecho.
Urge ordenar o território, repensar Planos Directores, criar (porque não?) uma Secretaria Regional exclusivamente da Florestas. Faltam meios de combate a fogos, helicópteros, outros equipamentos...
Permitam-me relembrar que algumas iniciativas, como o Rally por exemplo, levam milhares de pessoas para as serras. Se eu tivesse uma nota de 50 euros por cada garrafa com que muitos "cretinos fundamentais" se deliciam a atirar para o meio mata, certamente não trabalharia os próximos cinco anos. Tem de haver controlo e fiscalização, além da limpeza. Outro factor é o da educação, mas só por aí não vamos lá porque quem é que nunca aprendeu que se deve cuidar e proteger a floresta? O que nunca aprendemos foi a empreender essa vontade, pelo contrário.
Eu, não me importava nada, mas mesmo nada, de abdicar de certos investimentos e canalizar verbas para a reflorestação.
O Rally custou um balúrdio para trazer um avião de turistas à Madeira. Os incêndios são de borla e vão, por este andar, riscar a Madeira do mapa de destino turístico de qualidade.

A cada cabeça, sua sentença.


José António Barros

2 comentários:

  1. Élio, enterneces-me, emocionas-me, deixas-me sem palavras. Tenho saudades.

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  2. Eu também tenho muitas saudades. Abraço Enorme deste teu amigo que nunca se esquece de ti..

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